sábado, 5 de abril de 2014

AQUI E AGORA

É estranho estar aqui e agora. O mistério nunca nos deixa sozinhos.

Por detrás da imagem, por debaixo das palavras, por cima dos pensamentos, o silêncio de outros mundos nos aguarda. Há um mundo que vive dentro de nós e do qual mais ninguém nos pode trazer notícias deste mundo interior.
Através das nossas vozes, trazemos para fora o som da montanha sob a nossa alma, estes sons, são as palavras que exteriorizamos. 
Há tantos a falar ao mesmo tempo, falando em voz alta, falando em silêncio, sussurrando-nos, intuindo-nos, nos quartos, nas ruas, na TV, no rádio, no jornal, em livros. O barulho das palavras mantém o que chamamos o mundo de lá fora para nosso interior. Apercebemos dos sons de uns e de outros criando padrões e previsões, bênçãos, e blasfémias.
Cada dia, a nossa tribo de língua mantém o que chamamos de 'mundo' juntos, no entanto, a enunciação do mundo revela como cada um de nós cria implacavelmente o exterior no ‘mundo interior’, armazenando aí a imagem do exterior que nos é dada pela limitação dos sentidos físicos. Todos somos um artista no mundo interior. Cada um traz o som do silêncio e persuade o invisível a se tornar visível.
Os seres humanos são novos aqui. Acima de nós, as galáxias dançar para fora em direcção ao infinito. Sob os nossos pés é a terra antiga. Estamos muito bem moldado a partir desta argila. No entanto, a menor pedra é milhões de anos mais velha do que nós e nos seus pensamentos, o universo silencioso procura eco no nosso interior.
Um mundo desconhecido aspira para a reflexão, as palavras são os espelhos oblíquos que detêm o seu pensamento. Olhamos para esses espelhos da palavra e tentamos vislumbrar o significado, na busca incessante de abrigo e protecção do desconhecido.
Se nós nos tornamos viciados na nossa interioridade externa iremos assombrar-nos com o nosso EU. Para ser saudável, devemos permanecer verdadeiros à nossa complexidade vulnerável, a fim de manter o nosso equilíbrio, precisamos manter o interior e o exterior, visíveis e invisíveis, conhecidos e desconhecidos, temporal e eterno, antigo e novo juntos. Ninguém mais pode realizar essa tarefa excepto nós mesmos. Somos o único limite do nosso mundo interior. Esta integridade é a obrigatória.
Por detrás da fachada de imagem e distracção, cada pessoa será sempre um artista neste sentido primordial e incontornável. Cada um de nós está condenado e privilegiado a ser um artista interior que carrega e molda um mundo único.
A presença humana é um sacramento criativo e turbulento, um sinal visível da graça invisível.

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