segunda-feira, 20 de outubro de 2014

EU SOU!

O que é que EU SOU?
Sou muitas coisas mas ao mesmo tempo não sou nada.
Sou o que me dizem que sou? Ou sou o que eu acho que sou?
Sou o meu nome, a minha idade, a minha profissão, a minha família, os meus filhos, as minhas qualidades e os meus defeitos, aquilo que digo e aquilo que não digo, aquilo que faço e o que não faço, aquilo que como e que bebo, aquilo que visto, aquilo que conduzo e aquilo que compro?
Serei também aquilo que vejo, aquilo que respiro, aquilo que sinto, aquilo que rio e aquilo que choro?
E quando morrer continuo a ser ou deixo de ser? Sou a vida ou também sou a morte? Sou tudo agora e não sou nada depois de morrer? Ou não sou nada agora e serei tudo quando morrer? Porque ser também é não ser, e não ser também é ser… Então se eu sou tudo e também não sou nada, se sou muita coisa e também sou pouca coisa, devo simplesmente dizer que “EU SOU”!

sábado, 27 de setembro de 2014

ESPIRITUALIDADE?

Espiritualidade é um modo de vida, é um estado de espírito, é uma abertura mental, é uma aspiração à transcendência.

Espiritualidade não é uma religião, não é uma doutrina, não é o sacerdócio, não é uma crença e nem uma opinião.

Espiritualidade é sentir arder uma chama interior que ilumina o nosso caminho no caos e nas trevas que vivemos no mundo.

Espiritualidade é a confiança expressa nas palavras “Ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte, nada temerei.”

Espiritualidade é entender que somos como crianças a tomar uma vacina, que magoa muito no momento, negamos, gritamos e esperneamos, mas que depois imuniza nosso espírito.

Espiritualidade é ir além, é a consciência de que a vida não se encerra na morte, de que é preciso haver continuidade dentro da descontinuidade. De que tudo que começa, termina; tudo que nasce, morre; tudo que vai, volta. De que para cada problema há uma solução, para cada lágrima derramada há sempre um consolo e para cada perda há sempre um ganho.

Espiritualidade é reconhecer um propósito em todas as coisas, e recusar a existência da sorte, do azar e do acaso. É ter paciência e confiar que, um dia, o significado de tudo será desvendado.

Espiritualidade é dar de si mesmo, é renunciar ao pequeno para obter algo maior, é abdicar de nossas pequenas posses para ganhar tudo o que sempre nos pertenceu. É fazer das florestas do mundo nosso jardim, é fazer do céu o nosso teto, é fazer dos mares e rios a nossa piscina, é fazer da Terra a nossa casa. É cuidar do tudo, de cada ser e coisa, e não apenas de nossos escassos bens terrenos.

Espiritualidade é ver por dentro, é não se deixar levar pelas aparências, é reconhecer o essencial em cada mínimo aspecto da vida, é satisfazer-se com pouco para obter muito, é rasgar o véu da ilusão e desejar entender o mistério da vida.

Espiritualidade é pedir pouco e agradecer muito. É dar muito e nada pedir em troca. É fazer sem esperar retribuições. É perdoar, é arrepender-se, é refazer, é renovar, é reaprender a ver o mundo e a si mesmo.

Espiritualidade é fazer do seu professor o lírio do campo, as árvores ao vento, a tempestade nebulosa, o orvalho numa flor, a borboleta esvoaçando, o rio fluindo, os pássaros cantando. É aprender com a mais insignificante criatura.

Espiritualidade é deixar o humano morrer para o divino nascer. É trazer o céu para a Terra. É viver na Terra o céu que desejamos após a morte. É debruçar-se no inferno resgatando as almas perdidas e errantes. É ser uma luz no meio da escuridão.

Espiritualidade é dormir quando se tem sono, é comer quando se tem fome, é olhar a montanha e ver a montanha, é molhar as mãos no rio e sentir o frescor das águas, é ver aquilo que está ali, é não intelectualizar tudo, é sentir a essência das coisas e mergulhar na essência da vida.

Espiritualidade é estender a mão aos que sofrem, é dar conforto aos que choram, é dar abrigo aos sem teto, é dar conselhos aqueles que se perderam, é esclarecer aqueles que têm dúvidas, é dar de si mesmo em prol de todos, é fazer o bem pelo bem, é morrer pela verdade para renascer na plenitude.

Espiritualidade é dispensar as palavras e os discursos fúteis e navegar nas paragens do silêncio interior. É aprender a ouvir a vida, a ouvir a si mesmo, a diminuir a corrente dos pensamentos, é tranquilizar o turbilhão das emoções, é fazer circular as energias, é deixar tudo fluir.

Espiritualidade é viver na simplicidade, naturalidade e na espontaneidade. É libertar-se de tudo o que é passageiro, perecível, transitório. É mergulhar na vida sem medo, sem travas, sem amarras, sem correntes, sem bloqueios. É viver, e apenas viver, sentindo a vida como ela é. É não precisar de nada, não depender de coisa alguma, não se deixar influenciar pelas marés agitadas da confusão.

Espiritualidade é libertação, é humildade, é Fé, é Amor e é Esperança.

domingo, 21 de setembro de 2014

CAMINHOS DA VIDA


Quando cortas uma flor para ti, 
começas a perdê-la... porque murchará em tuas mãos e não se fará semente para outras primaveras.

Quando aprisionas um passarito para ti, começas a perdê-lo... 
Porque não mais cantará
no bosque para ti nem criará outros passarinhos no seu ninho.

Quando guardas teu dinheiro
começas a perdê-lo... 
porque o dinheiro não vale por si, mas pelo o que com ele se pode fazer.

Quando não arriscas
tua liberdade para tê-la,
começas a perdê-la...
porque a liberdade que tens se comprova quando te atiras optando e decidindo.

Quando não deixas partir o teu filho para a vida, começas a perdê-lo... porque nunca o verás 
voltar para ti livre e maduro.

Lembra-te sempre: Não existe preço para a Liberdade, mas uma belíssima recompensa para quem a utiliza com desprendimento de alma ... 

Ter para sempre, junto à ti Fidelidade daqueles que livres dos grilhões, se comprazem em serem teus eternos admiradores!

Quem Ama ... Liberta com a certeza da volta expontânea ao aconchego !

Aprende no caminho da vida
a padadoxal lição da experiência:
Sempre ganhas o que deixas
e perdes o que reténs...

Desejo-te hoje,um dia rico em serenidade, harmonia e compreensão para libertar os sentimentos de posse e que o amor seja o teu grande diferencial de vida!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dever e Trabalho


O compromisso de trabalho inclui o dever de associar-se a criatura ao esforço de equipe na obra a realizar.
Obediência digna tem o nome de obrigação cumprida no dicionário da realidade.
Quem executa com alegria as tarefas consideradas menores, espontaneamente se promove as tarefas consideradas maiores.
A câmara fotográfica nos retrata por fora, mas o trabalho nos retrata por dentro.
Quem escarnece da obra que lhe honorifica a existência, desprestigia a si mesmo.
Servir além do próprio dever não é bajular e sim entesourar apoio e experiência, simpatia e cooperação.
Na formação e complementação de qualquer trabalho, é preciso compreender para sermos compreendidos.
Quando o trabalhador converte o trabalho em alegria, o trabalho se transforma na alegria do trabalhador.

Do livro "Sinal Verde"
André Luiz
Francisco Cândido Xavier


sábado, 12 de julho de 2014

OS NOSSOS HÁBITOS INFELIZES (que precisamos corrigir)

Não querer sofrer.

Falar aos gritos.

Rir descontroladamente.

Irritar-se por bagatelas.

Comentar desfavoravelmente a situação de qualquer pessoa.

Estender boatos e entreter-se em conversações negativas.

Usar de franqueza impiedosa a pretexto de honorificar a verdade.

Escavar o passado alheio, prejudicando ou ferindo os outros.

Comparar comunidades e pessoas, espalhando o pessimismo e desprestígio.

Queixar-se, por sistema, a propósito de tudo e de todos.

Ignorar propósitos e direitos alheios.

Fixar intencionalmente defeitos e cicatrizes do próximo.

Indagar de situações e ligações, cujo sentido não possamos penetrar.

Desrespeitar as pessoas com perguntas desnecessárias.

Contar piadas suscetíveis de alijar os sentimentos de quem ouve.

Troçar dos circunstantes ou chicotear os ausentes.

Analisar os problemas sexuais seja de quem seja.

Despejar conhecimentos fora de lugar e contexto, pelo prazer de exibir cultura e competência.

Desprestigiar compromissos e horários.

Viver sem método.

Manter-se agitado a todo instante, comprometendo o serviço alheio e dificultando a execução dos deveres próprios.

Querer mérito, sob a desculpa de ser melhor que os outros.

Gastar mais do que se dispõe.

Esperar receber honrarias e privilégios sem o respectivo esforço. 

Exigir o bem sem trabalho.

Não saber suportar injúrias ou críticas.

Não procurar dominar-se, explodindo nos menores contratempos.

Desacreditar serviços e instituições.

Fugir de aprender.

Deixar sempre para amanhã a obrigação que se pode cumprir hoje.

Dramatizar doenças e dissabores.

Discutir sem racionar.

Desprezar adversários e endeusar amigos.

Exigir dos outros aquilo que nós próprios ainda não conseguimos fazer.

Pedir apoio sem cooperação.

Condenar os que não pensam como nós. 

Aceitar deveres e largá-los sem consideração nos ombros alheios.

Do livro "Sinal Verde"

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Silenciar o pensamento é preciso!

“Porque é segundo tuas palavras que serás justificado e é segundo tuas palavras que serás condenado.” Mt.12.37
            As palavras possuem enorme poder, através delas podemos edificar ou destruir, dar vida ou matar, alienar ou libertar, por isso, faz-se necessário antes refletirmos muito no que vamos pronunciar. É nesse exato momento de reflexão que o silêncio tem importância vital, permitindo que a nossa voz interior não nos deixe cometer equívocos e consequentemente pronunciamos palavras precipitadas que podem causar graves danos tanto em nossa vida quanto na do nosso próximo.
            O silêncio é mais do que um ato de sabedoria, é uma disciplina urgente que a humanidade precisa desenvolver. Muitas vezes não atingimos nossas metas por intermédio do ato de falar. O silêncio, em grande parte de nossa vida é muito mais representativo e pode nos fazer atingir nossos objetivos de uma forma mais adequada. Através dele podemos expressar mais do que muitas palavras sem que isso signifique falta de capacidade ou conhecimento.
            O silêncio sempre foi reverenciado e cultuado dentro das diversas tradições religiosas do mundo. No cristianismo monástico o silêncio no qual cada um de nós é convocado a entrar, é o silêncio eterno de Deus. Este silêncio pode ser encontrado no coração e cultivado através da disciplina da meditação. Na maioria das religiões espiritualistas, o silêncio é o caminho para a unidade, é através dele que descobrimos que a vida exterior e interior estão unificadas. Esse silêncio que precisamos desenvolver deve estar além de todas as palavras, ideias, pensamentos e imaginação, pois somente assim podemos sentir paz e liberdade.
            A tradição bíblica judaica do Antigo Testamento nos mostra vários casos onde o silêncio foi fundamental para o êxito do povo eleito. Uma das grandes virtudes dos descendentes de Benjamim (filho de Jacó), era saber ficar em silêncio nos momentos certos. O rei Saul, escolhido como o primeiro rei de Israel, era descendente da tribo de Benjamim. Ele fez bom uso do silêncio, conforme consta na Tanach (bíblia hebraica). Quando o profeta Samuel comunicou-lhe que seria rei, ele não mudou seu comportamento e continuou sendo a mesma pessoa, não lhe subindo à cabeça o fato de ser o futuro rei, tanto que nem fez questão de contar a seus familiares.
            Durante o período do Purim, em meio ao exílio persa, o povo de Israel também foi salvo devido ao silêncio da Rainha Ester, que obedecendo à ordem de Mordechay, não falou ao rei sobre suas origens. Tanto Mordechay quanto a rainha Ester eram também descendentes da tribo de Benjamim.
            Em uma parashá (porção semanal de textos estudados na Torá), fala que após a tragédia que acarretou a morte de dois filhos de Aarão, este se silenciou, como relatado na Torá: “Vayomer Moshê El Aharon hu asher diber Hashem lemor bricovay ecadesh veal pene chol haám ecaved vaydom Aharon (Vaycrá 10:3) – “E disse Moisés a Aarão: Isto é o que falou o Eterno dizendo: Por meus escolhidos me santificarei e perante todo o povo Eu serei glorificado. E calou-se Aarão.” Segundo a sabedoria judaica, o difícil silêncio de Aarão, nesse momento de dor, demonstra conformismo e confiança na justiça divina, onde mais tarde esse seria recompensado com a visita do próprio Todo Poderoso.
            Segundo outro sábio israelita, o Maharal de Praga zt”l, em seu livro Dêrech Hachayim, escreve que o poder da fala é um poder físico (do corpo) e o raciocínio é um poder espiritual. Estes dois fatores antagônicos não podem trabalhar simultaneamente dentro do indivíduo. Portanto, o silêncio é essencialmente importante para que possamos evitar erros e atitudes precipitadas, uma vez que quando falamos, estamos de certa forma, anulando o raciocínio. Mahatma Gandhi fala o mesmo na seguinte frase: “Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio.”
            Mabel Collins em seu livro Luz no Caminho, diz: “Do seio do silêncio, que é a paz, uma voz ressoante se elevará. E esta voz dirá: Faz falta alguma coisa mais; tu colheste, agora tens que semear. E sabendo que esta voz é o silêncio mesmo, obedecerás. Tu que és agora um discípulo capaz de manter-te firme, capaz de ouvir, capaz de ver, capaz de falar, que venceste o desejo e obtiveste o conhecimento de ti mesmo; tu que viste a tua alma em sua flor e a reconheceste e que ouviste a voz do silêncio, encaminha-te ao Templo do Senhor e lê o que ali está escrito para ti.” Analisando esse texto, entendo que ouvir a voz do silêncio, é compreender que a única direção verdadeira vem do interior, da intuição, da via do coração; encaminhar-se ao Templo do Saber, é entrar no estado em que é possível aprender verdadeiramente.
            A superioridade do silêncio é demonstrada por Jesus perante Pilatos: “E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.” Mt. 27.12. “Jesus não respondeu nem uma palavra, vindo com isto a admirar-se grandemente o governador.” Mt. 27.14.
            Para finalizar, lembro que muitas vezes, o silêncio fala mais do que muitas palavras, e através dele nos tornamos mais sensíveis, humildes e misericordiosos. Busque a disciplina do silêncio e verás como sua vida irá mudar para melhor, passando a ser um indivíduo mais equilibrado e seguro diante desse mundo conturbado e enlouquecido em que vivemos atualmente.

in Silenciar o pensamento é preciso!

sábado, 5 de abril de 2014

AQUI E AGORA

É estranho estar aqui e agora. O mistério nunca nos deixa sozinhos.

Por detrás da imagem, por debaixo das palavras, por cima dos pensamentos, o silêncio de outros mundos nos aguarda. Há um mundo que vive dentro de nós e do qual mais ninguém nos pode trazer notícias deste mundo interior.
Através das nossas vozes, trazemos para fora o som da montanha sob a nossa alma, estes sons, são as palavras que exteriorizamos. 
Há tantos a falar ao mesmo tempo, falando em voz alta, falando em silêncio, sussurrando-nos, intuindo-nos, nos quartos, nas ruas, na TV, no rádio, no jornal, em livros. O barulho das palavras mantém o que chamamos o mundo de lá fora para nosso interior. Apercebemos dos sons de uns e de outros criando padrões e previsões, bênçãos, e blasfémias.
Cada dia, a nossa tribo de língua mantém o que chamamos de 'mundo' juntos, no entanto, a enunciação do mundo revela como cada um de nós cria implacavelmente o exterior no ‘mundo interior’, armazenando aí a imagem do exterior que nos é dada pela limitação dos sentidos físicos. Todos somos um artista no mundo interior. Cada um traz o som do silêncio e persuade o invisível a se tornar visível.
Os seres humanos são novos aqui. Acima de nós, as galáxias dançar para fora em direcção ao infinito. Sob os nossos pés é a terra antiga. Estamos muito bem moldado a partir desta argila. No entanto, a menor pedra é milhões de anos mais velha do que nós e nos seus pensamentos, o universo silencioso procura eco no nosso interior.
Um mundo desconhecido aspira para a reflexão, as palavras são os espelhos oblíquos que detêm o seu pensamento. Olhamos para esses espelhos da palavra e tentamos vislumbrar o significado, na busca incessante de abrigo e protecção do desconhecido.
Se nós nos tornamos viciados na nossa interioridade externa iremos assombrar-nos com o nosso EU. Para ser saudável, devemos permanecer verdadeiros à nossa complexidade vulnerável, a fim de manter o nosso equilíbrio, precisamos manter o interior e o exterior, visíveis e invisíveis, conhecidos e desconhecidos, temporal e eterno, antigo e novo juntos. Ninguém mais pode realizar essa tarefa excepto nós mesmos. Somos o único limite do nosso mundo interior. Esta integridade é a obrigatória.
Por detrás da fachada de imagem e distracção, cada pessoa será sempre um artista neste sentido primordial e incontornável. Cada um de nós está condenado e privilegiado a ser um artista interior que carrega e molda um mundo único.
A presença humana é um sacramento criativo e turbulento, um sinal visível da graça invisível.