Estávamos no ano de 1976 dentro de um elevador num dos
maiores edifícios de uma capital latino-americana, já pouco faltava para a meia-noite do dia 24
de Dezembro. Naquele espaço confinado havia 15 pessoas carregando sacos de
comida e algumas bebidas para as suas festas natalícias que tradicionalmente se
iniciam à meia-noite nos países latino-americanos de origem espanhola.
As cinco senhoras elegantemente vestidas traziam ao colo um
enorme peru assado e algumas garrafas de licores, dois casais de namorados
entretinham-se em caricias, a juntar ao grupo estavam três jovens cabeludos e
calças de sino acompanhados de três moças coradas de timidez completavam o
estranho grupo de pessoas que residiam no mesmo edifício de apartamentos.
Naquela descontracção ninguém iria supor que o elevador se poderia
avariar, ficando bloqueado entre pisos, como efectivamente aconteceu.
No exterior já se ouvia o ribombar dos fogos-de-artifício. Com
a luz de emergência ligada e após infrutíferas tentativas de contactar a assistência,
entre-olharam-se todos e com um pouco de bom senso e humor começaram a cantar ao
som da música ambiente.
Passados poucos minutos as senhoras trincharam o peru, como
puderam, foram-se saltando as rolhas dos espumantes, o licores abertos e a
alegria foi tomando conta dos “hospedes”.
Na medida em que as garrafas eram empilhadas e os restos de comida amontoados, ninguém se lembrava que o elevador estava bloqueado, no momento em que se
acabou a comida e as bebidas, o elevador dá um solavanco e continua a sua viagem.
Quem lia o jornal matutino dava conta das quinze pessoas
retidas num elevador na “noite boa” e que saíam abraçados, felizes e rindo
cantado “jingle bells”.
Que se teriam passado naqueles momentos que antecederam a meia noite? Coincidência? Mero acaso? Foi algo propositado feito "lá de cima"? O certo é que foi quebrado o gelo que existem nestes ambientes de cimento e aço, resultando daí grandes amizades até ao dias de hoje.
Disseram os intervenientes que foi o melhor natal que
tiveram nos últimos anos.
E nós que fazemos no natal? Melhor ainda: o que fazemos do natal?
Será que já nos esquecemos que é a celebração de um nascimento muito especial?
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